O pai não é muito de contar estas coisas, apesar de as sentir também, mas a mãe, como é mãe, sempre sonhou com o dia em que iria ser de verdade, contou-me já algumas coisas que decidi partilhar aqui com voçês. Apesar de 15 dias antes de nascer o meu coração ter abrandado durante um registo e ter estado a segundos de uma cesariana de urgência, ainda me aguentei mais 2 semanas. Foi uma gravidez e pêras! A mãe esteve internada 2 vezes. Uma em Viseu e outra na ilha. Antes disso a mãe teve de fazer uma amniocentese, que correu mal e, portanto, teve de fazer outra... a mãe tem pânico de agulhas e, mesmo que lhe digam que não dói, a mãe lembra-se bem das dores que passou naqueles minutos intermináveis... e dos dias de repouso absoluto para me segurar firme no seu ventre. Mas tudo valeu a pena, diz-me ela baixinho no ouvido. Diz-me que voltava a repetir... por mim. Bom, mas continuando... a mãe sempre soube que não ía nascer de cesariana. Não sabe explicar como sabia isso, diz apenas que sempre soube, simplesmente. Imaginou sempre as coisas da exacta forma como aconteceram! Coincidências??? Hum. A mãe sempre sonhou que a meio da noite as famosas águas dariam o primeiro sinal. E não é que foi mesmo! Na madrugada do dia 29 de Novembro, por volta das 4 horas da manhã, a mamã foi ao quarto de banho e quando regressou ao sofá, onde estava antes por já não conseguir dormir, ao sentar-se: bumba...! Aconteceu. Ponderadamente, com calma, pensando que a partir dali não havia volta a dar, um pouco assustada, mas mais ansiosa e a tremer como canas ao vento, acordou de mansinho o pai que lhe perguntou: "É muito...?" eheh... Depois do verdadeiro acordar, o pai vestiu-se com a rapidez que a mãe nunca se lembra e a mãe foi tomar um banho. Antes das 5h já estavam na maternidade. Daí até às 15h e 43m foi um processo longo mas que agora, diz a mãe, parece ter demorado 5 minutos. Nasci acompanhado pelo médico da mãe e meu, tivemos sorte. Eu não queria sair, pois claro, estava tão quentinho ali dentro. A mãe puxava e quando dava uma folgazita para respirar eu aproveitava e voltava a encostar-me lá em cima. Estava tão bem. Havia uma enfermeira que pulava pra cima da barriga da mãe e me pressionava... mesmo assim, não queria... e isso demorou tempo. Tunga, truca, pimba, barulho, confusão... pois, assim, como queriam que eu viesse? Quando o Dr estava pronto para fazer (mais uma vez) a cesariana, optou por escutar o meu coração... ainda bem... e, como estava tudo normal, tomou a última decisão: ventosas... "Ei, ei... ei, mas o que se passa?", pensei... E num ápice, saltei cá para fora, lindo, radioso, e os meus pais não choraram, como é normal, mas a emoção foi tanta que para eles podia explodir o vulcão que eles nem sentiriam. O meu pai que nem pegava em bebés, parece que sempre fez isso toda a vida... pegou-me, aconchegou-me... a mãe descansava e, depois de tudo o que passámos, aproveitou para filmar o pai comigo ao colo!
Cheguei pronto para lutar. Considero-me forte e guerreiro. Naquele dia 29 de Novembro de 2007, os meus pais partilharam com os amigos mais próximos e familiares o meu nascimento. A mãe recebeu ao todo mais de 60 mensagens no telemóvel e guarda-as até hoje. Vai escrevê-las todas num papel como recordação.
Recordações, até hoje, só boas... Claro que me aconteceram coisas que ninguém deseja e que têm feito os pais questionar-se sobre muitas coisas: "Como é possível um bebé sofrer, ou passar por coisas assim?" "Não é justo"... mas não se fala dessas coisas. Atrai. Além disso, por essas razões, temos conhecido pessoas fantásticas que nos têm ajudado imenso. Pessoas que consideramos "anjos" que nos ajudam nesta terra distante... Graças a essas pessoas (que temos a certeza que sabem quem são) algumas coisas têm sido mais fáceis... "porque ainda há bondade", diz a mãe enquanto o pai sorri.
Hoje faço 6 meses. Vou apagar meia vela! Não posso comer bolo, mas os papas comem por mim.
PARABÉNS A MIM!
Hoje faço 6 meses... e quero aqui agradecer a todos todo o carinho e o apoio que têm dado aos meus pais para continuarem nesta maravilhosa saga comigo... as mensagens, os postais, as lembranças, o carinho... Obrigado. Guilherme Marco